Pequenos almoços alternativos
De manhã come como um imperador, à tarde como um nobre e à noite como um mendigo - Provérbio Chinês.
Uma aluna minha comentava que há uns anos atrás que aprendeu, num seminário com um professor japonês, que o primeiro alimento ingerido de manhã pode ser determinante para o resto do dia. É ele que define a energia com que queremos iniciar as nossas atividades.
É muito semelhante ao primeiro alimento sólido que um bebé ingere e como essa primeira imagem gustativa, pode determinar a representação que a criança vai criar do mundo.
Seguindo esta lógica, porque todas as manhãs está num estado excepcionalmente mais receptivo, tem a possibilidade de dar ao corpo uma imagem do mundo que está prestes a abraçar - quando sair para os seus afazeres diários.
Gosto de pensar nesta oportunidade como algo que nos permite, como seres humanos, de diariamente começar de novo - de nos reinventarmos.
Qual é a primeira imagem que gostaria de oferecer a si mesmo em cada dia que começa?
Na Medicina Tradicional Chinesa os cincos sabores - Doce, Salgado, Amargo, Picante e Ácido, definem que tipo de mensagem queremos comunicar ao corpo no início de um novo dia.
Há quem prefira o ácido dos sumos de laranja, ou o amargo do café. Há quem não passe sem o doce à primeira refeição. O picante é menos comum no ocidente mas muito frequente no oriente - mesmo ao pequeno almoço. O sal que é utilizado para temperar os pães, as sopas ou os cremes de cereais. Este é um sabor que pouco a pouco vai caindo em desuso em algumas culturas, substituído pelo doce das compotas, das pastelarias doces, dos sumos e pelo ácido dos citrinos.
No entanto, a alimentação não é só o sabor.
É aspecto visual, onde as cores podem ter um papel determinante, no despertar dos sentidos para o dia que começa.
É o tato pelas temperaturas quentes ou frias - se o alimento pode ser tocado e levado à boca, comido exclusivamente com as mãos, se tem texturas cremosas ou mais sólidas e as qualidades que adquire enquanto se derrete na boca.
É o cheiro que emana da cozinha logo de manhã, a dar-nos os bons dias, que abre o apetite e nos faz salivar. É o cheiro individual de cada alimento e o aroma conjunto de todos os ingredientes combinados.
Mesmo a audição está presente, nos sons que são produzidos enquanto mastigamos, nos sons de aprovação se o alimento nos agrada (uhhmm!) ou desagrada (blag!), e no crepitar dos alimentos enquanto são cozinhados.
Uma refeição pode transformar-se facilmente numa experiência total, transcendente e sensual. Onde todos os sentidos são estimulados.
Basta que, para isso, se proponha a estar desperto para este momento especial. Este é o momento que dá início à nutrição diária do seu corpo - O pequeno almoço.
Faço-lhe aqui o convite para que descubra alternativas que se destinam a quebrar a rotina e a trazer mais cor e sabor ao seu dia-a-dia.
Embora tenham de certos efeitos terapêuticos, estas sugestões não se destinam a emagrecer, a engordar, a tratar situações de saúde agudas ou crónicas. São baseadas nas possibilidades ilimitadas que todas as manhãs estão disponíveis. Para que lhe seja possível alimentar e fornecer energia ao seu dia - ao seu Sonho. Este artigo foi escrito durante uma semana, onde me desafiei a experimentar outras abordagens para começar o dia.
A base
No meu dia-a-dia os pequenos almoços têm regularmente três componentes:
- Um cereal simples ou sob forma de creme
- Uma sopa
- Um acompanhamento
Estes alimentos podem ou não ser todos confeccionados no momento.
Tudo depende do tempo e ingredientes que tenho à minha disposição.
As doses apresentadas são para duas pessoas - ou para quem gosta de repetir as porções.
Todos os ingredientes são de proveniência biológica ou de pesca sustentável.
Cremes e cereais
Os cremes são os alicerces do dia, transportam estrutura, enraizamento e nutrição para toda a manhã.
Creme de trigo sarraceno e arroz cozinhado com maçã ralada e sementes de girassol.
- 1/2 chávena de flocos de arroz
- 1/2 chávena de flocos de trigo sarraceno
- 1 maçã ralada
- 3 chávenas de água
- sal e sementes de girassol q.b.
Preparação: deixar os flocos de molho durante a noite. De manhã, adicionar a maçã ralada, sal e cozinhar até levantar fervura. Deixar em lume baixo durante pelo menos 20 minutos, mexendo esporadicamente para não pegar.
Embora o meu sabor preferido seja o salgado, esta é uma alternativa que fornece algum doce, logo no início do dia.
Adicionar as sementes de girassol a gosto no final.
Creme de sobras de arroz integral com flocos de castanha, pasta de sésamo negro e sementes de girassol
- 1/2 chávena arroz integral cozinhado
- 1/2 chávena de flocos de castanha
- 1 colher de chá de pasta de sésamo negro
- 3 chávenas de água
- sal e sementes de girassol q.b.
Deixar os flocos de molho durante a noite. De manhã, adicionar o arroz cozinhado. Assim que levantar fervura, deixar em lume baixo durante pelo menos 20 minutos, mexendo esporadicamente para não pegar.
Adicionar a pasta de sésamo negro e as sementes a gosto.
Misturar bem a pasta até esta se dissolver.
Creme de sobras de arroz integral com flocos de millet, bagas goji e pasta de sésamo branco
- 1/2 chávena arroz integral cozinhado
- 1/2 flocos se millet
- 1 colher de chá de pasta de sésamo branco
- 3 chávenas de água
- sal e bagas goji q.b.
Deixar os flocos de molho durante a noite. De manhã, adicionar o arroz cozinhado. Assim que levantar fervura adicionar sal e deixar em lume baixo durante pelo menos 20 minutos, mexendo esporadicamente para não pegar.
As bagas goji ficaram a demolhar também durante a noite.
Adicionar o sésamo e as bagas a gosto.
Mexer bem a pasta de sésamo branco até esta se dissolver.
Taça de arroz
Em períodos em que a clareza é necessária, não existem muitos alimentos que consigam criar em mim este efeito como uma taça de arroz integral.
Simples, ou como na imagem, com sementes de girassol e um pouco de rama de alho francês cortada.
- 1 chávena de arroz integral de grão redondo - Uma alternativa (foto), é utilizar 1/3 de cevada e 2/3 de arroz - Esta combinação é indicada para estações mais quentes
- 3 partes de água
- sal q.b.
- cozinhar durante 50 minutos
Preferencialmente deverá colocar os cereais de molho durante a noite antes de ser em cozinhados.
As Sopas
As sopas trazem uma sensação líquida de conforto logo de manhã e transportam calor e fluidez.
Sopa de miso com massa integral, abóbora, cebola e alho francês.
- 1 chávena de abóbora japonesa cortada
- 1 chávena de cebola cortada
- 4 chávenas de água
- sobras de massa do jantar
- rama de alho francês q.b.
- 1 colher de chá de pasta de miso de cevada por cada taça de sopa
Cozinhar a abóbora e a cebola durante 20 minutos.
Nos últimos 3 minutos adicionar a massa.
Depois de apagar o lume, dissolva bem o miso numa taça, utilizando um pouco de sopa já cozinhada.
Junte o miso dissolvido à sopa que está na panela e mexa suavemente.
Sirva e polvilhe com rama alho de francês cortada.
Sopa de feijão azuki com abóbora
- 1 chávena de abóbora japonesa cortada
- 1 chávena de cebola cortada
- 4 chávenas de água
- sobra de feijão azuki do jantar; cerca de meia chávena
- rama de alho francês q.b.
- sal q.b.
O processo de preparação é semelhante à sopa anterior. O feijão é substituído pela massa e não existe a adição de miso, devendo ser adicionado sal assim que a sopa começa a ferver.
Sugestão: o feijão azuki pode ser substituído por grão, lentilhas ou outro tipo de feijão.
Sopa de miso em caldo de peixe
Esta é uma alternativa não vegan. É indicada para estações mais frias ou para recuperar de períodos intensos de trabalho.
Na noite anterior foi estufado cerca de 100 gramas de peixe com batata doce, cebola e raiz de bardana fresca.
O que restou foi transformado ao pequeno almoço em sopa, adicionando a quantidade de água suficiente para fazer um caldo e fervido durante cerca de 20 minutos.
No final, foi adicionado miso e alho francês.
Acompanhamentos.
Os acompanhamentos criam mais cor, e são para mim o material mais fresco do pequeno almoço. Trazem consigo vida e potencial pela frescura dos ingredientes.
O chucrute
Adiciona uma energia fresca colorida. Fornece enzimas digestivas ao processo de digestão.
Existem vários tipos, uns mais salgados e ácidos, outros mais doces. Este não foi confecionado por mim e contém cebola, pimento, cenoura e couve. É ligeiramente doce e fresco.
Os salteados
O salteado cria uma energia dinâmica e viva.
Cortar em partes iguais cenoura, couve, alho francês.
Passar pelo wok durante breves minutos com óleo de sésamo ou girassol. Adicionar durante o processo molho de soja a gosto.
Sugestão: podem ser adicionadas sementes ou temperar com vinagre de arroz.
Couve roxa salteada com restos de tempeh do jantar
Ah! mais cor!
Cortar uma ou duas porções de couve roxa, saltear no wok ou na frigideira e no final adicionar o tempeh do jantar.
Decorando no final com rama de alho francês.
Sugestão: o tempeh pode ser substituído por tofu ou mesmo feijões, grão ou lentilhas.
Saladas
São uma das alternativas para trazer a vida no seu potencial máximo para a mesa do pequeno almoço.
Podem ser muitas e variadas.
Esta é simples: alface cordeiro, azeite, molho de soja e sementes de girassol.
Sugestões: a rúcula ou agrião são também alternativas possíveis.
A pergunta que poderá ser feita todas as manhãs, ou no dia anterior, é: que energia gostaria de fornecer ao meu dia?
Uma energia de pacote e de plástico? uma energia ingerida à pressa, de pé e fora de casa? uma energia repetitiva e previsível? ou uma energia que deixa em aberto um sem número de possibilidades para o dia que está a começar.
Bom apetite e boas práticas :)
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