Ainda acredita que a primavera começa no dia 21?
Na minha infância algo que sempre assumiu proporções misteriosas foi a data de validade dos iogurtes.
Era para mim algo mágico: que num dia este alimento se encontrasse próprio para consumo e no dia seguinte ja não.
Depois descobri que esta não era uma característica apenas dos alimentos, mas também estava presente no passar da idade humana: alguns amigos e amigas minhas à minha volta apresentavam sintomas de ansiedade profunda pela chegada dos 18 anos e que de uma dia para o outro tudo iria mudar – podia-se sair à noite até á hora que se queria, com viatura próprio e dizer aos pais o que nos apetecia dizer – ou pelo menos pensava-se que seria assim.
Mais tarde acredita-se que é com a reforma que muda tudo, que num dia somos empregados a trabalhar 8 horas por dia e no dia seguinte temos o tempo todo da vida para fazer o que gostamos.
Demorou algum tempo e coragem para provar o primeiro iogurte com um dia para além de data, depois dois, depois uma semana e depois esquecer a data e confiar no sabor que o iogurte teria como factor que avaliava a sua qualidade.
É fácil em sociedade habituarmos-nos aos prazos de validade e a confiar mais nos mesmos que nos nossos próprios sentidos.
O mesmo se passa com as estações – acreditamos que no dia 20 é inverno e que no dia 21 é primavera.
Como se o inverno tivesse uma validade, como se a natureza estivesse atenta ao calendário humano.
E depois ficamos desapontados quando a primavera não começa, quando com 18 anos os nossos pais continuam a tratar-no como se tivéssemos 17 e que com 65 de repente a vida e o mundo não ficou à nossa disposição.
Na tradição médica Chinesa existe o que é considerado como a estação de transição e define a mudança gradual de uma estação para a outra. É tempo de parar, é tempo de arrumar e reflectir e sentir a próxima estação que se aproxima e a que está a finalizar.
Esta estação tem características Terra e recomenda-se a utilização de alimentos, de cor amarela ou laranja, redondos e pequenos.
Alimentos como o millet, a abóbora, as cenouras e a cebola quando incluídos na sua alimentação criam uma âncora que lhe permite observar o mundo como ele é, permitem-lhe centrar-se, parar, reflectir e criar um maior poder de organização concreta.
Imagine aqueles dias frios em que se senta à mesa e come uma sopa quente e espessa de abóbora – quem já passou por isso sabe que o mundo pára por momentos – como por magia.
Esta estação não é apenas climatérica e está presente durante os seus dias:
- É a pausa para meditar ou para definir objectivos para o dia antes do pequeno almoço.
- É a pausa a meio da amanhã para se centrar e preparar para o resto da manhã.
- É a pausa após a refeição para criar intenções para uma tarde de trabalho mais eficaz.
- É a pause quando chega a casa e se senta no sofá a descomprimir e a prepara-se para finalizar o dia de forma tranquila – sem se lançar de imediato em tarefas ou ligar a televisão.
- É a pausa antes de dormir sem estar ligado ao mundo – pelo menos uma hora antes de se deitar.
Estas são as pausas que lhe permitem observar a mudança.
Quando passamos directamente da cama para o pequeno almoço, do pequeno almoço para o trabalho, do trabalho para o almoço, do almoço para o trabalho, do trabalho para casa, de casa para o jantar, do jantar para o sofá e do sofá para a cama – vai acreditar que a natureza passa directamente de uma estação para outra e que os iogurtes passam de prazo de um dia para o outro.
No entanto, como ser humano é lhe dada a possibilidade de procurar na vida estas épocas de transição – de fazer escolhas conscientes -, de se alinhar com este movimento amparável das estações do ano.
Pode nadar a favor ou contra a corrente – é a única escolha que lhe é permitida fazer em relação à natureza.
Estes pequenos espaços de paragem e de observação da transição entre os vários períodos do dia trazem estados mentais diferentes, tal como os vários estados das estações do ano.
Quando não existem estas paragens chega ao final do dia com a ideia que o dia “soube todo ao mesmo” – quando o que lhe faltou foi a capacidade de sentir os diversos tempos com que foi construída a sinfonia do dia que terminou.
Pode alinhar-se:
- Parando e respirando fundo várias vezes;
- Tirando os olhos do computador por momentos e olhando para a paisagem;
- Sorrindo;
- Espreguiçando-se proooofuuuuundamenteeeee;
- Levantando-se e caminhando – conscientemente – para ir buscar água ou um chá;
- Mastigar cada garfada sem distrações:
Aceita o desafio?
De olhar para cada dia não como uma sucessão súbita de de eventos, mas como uma transição gradual entre eles, em que as pausas são os silêncios – sem os quais uma música seria uma sucessão de sons contínuos e ensurdecedores.
Talvez se ensinarmos esta prática às crianças elas aprendam a não saltar apressadamente para a idade adulta, fazendo escolhas sobre pressão no que querem ser quando forem grandes, transformando-se mais tarde em adultos insatisfeitos – só porque não pararam e sentiram a transição – sobre forma de um ano sabático, por exemplo.
Talvez se integrarmos isso em nós compreendamos que a reforma não começa aos 65, mas talvez pelo menos 10 anos mais cedo onde começa passo a passo a construir a vida que deseja ter no futuro.
O período Terra/ Transição é um manifesto da natureza de que a vida não é linear nem binária e previsível como gostaríamos que fosse, mas sim um processo altamente orgânico que têm como antídotos a reflexão, simplificação e quietude – não só a cada 3 meses entre as estações, mas nas várias estações do seu dia.
E já agora…
Pause durante nove respirações conscientes depois de ler este artigo – antes de começar uma nova tarefa.
Boas práticas.
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